Simão Bacamarte é o
personagem principal do romance escrito por Machado de Assis. O protagonista do
livro nomeado “O Alienista” tem uma profissão que, nos dias de hoje, seria
equivalente a um psiquiatra. Ele resolve construir a Casa Verde que, “trocando
em miúdos”, seria o que conhecemos por manicômio ou hospital psiquiátrico.
A história se passa na
época do Brasil colônia e o protagonista tem a ambição ou sonho de encontrar a
cura para a loucura. Machado de Assis, com sua genialidade ímpar, questiona o
valor dado a ciência, que já nesta época, é entendida como se fosse uma verdade
absoluta.
O romance traz à tona, em
1871, a questão da loucura e normalidade, assuntos que até hoje são tabus. O
que é loucura? Alguém é completamente normal? Com a leitura deste livro,
conseguimos perceber que NÃO, ninguém é completamente normal.
Simão Bacamarte, durante
sua trajetória na Casa Verde, acaba encarcerando praticamente a cidade toda. É
neste ponto que Machado de Assis toca em uma questão do tratamento que é dado
as pessoas que não são consideradas normais. Essas pessoas são, tanto no livro,
quanto no Brasil daquela época, totalmente retiradas de circulação, privados de
sua liberdade e de condições de vida digna. É um tratamento totalmente
higienista e, até, porque não dizer, cruel.
Machado de Assis nos faz
refletir também sobre psicofobia, por que a sociedade trata as pessoas com
psicopatologias como se elas nem existissem? Por que trata como seres
incapazes? Por que não somos capazes de conviver com pessoas consideradas “diferentes”
e o que isso diz sobre nós enquanto sociedade? Não posso deixar de lembrá-los
de grandes artistas como Van Gogh e grandes líderes, como Winston Churchill,
sofriam com psicopatologias e foram considerados “loucos”, em sua época.
Um artigo publicado na Revista Americana de Psiquiatria descreve o
pintor holandês Vincent Van Gogh como dono de “uma
personalidade excêntrica e um humor instável, sofrendo de recorrentes episódios
psicóticos nos dois últimos anos de sua vida”. Entre os diagnósticos apontados
pelo artigo estão depressão, bipolaridade, epilepsia e esquizofrenia. Muito do
estado mental de Van Gogh aparece em seu estilo de pintura impressionista, com
pinceladas fortes e marcantes e a preferência por tons azuis (cor que remete à depressão).
O mais célebre primeiro-ministro da Grã-Bretanha,
que liderou o país durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill,
sofria de episódios recorrentes de depressão. Para ele, o transtorno era como
um cachorro preto, que volta e meia lhe fazia companhia. Isso o levava a
episódios de mania, pensamentos suicidas e sonolência. Mais
tarde, seu diagnóstico oficial foi apontado como distúrbio de bipolaridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário