29 março, 2023

Coldplay, Yellow e Viva la Vida: uma leitura para você…

 





Frederico D. R. Cavalcanti.

 

Yellow

Coldplay

 

Look at the stars

Olhe as estrelas

 

Look how they shine for you

Veja como elas brilham por você

 

And everything you do

E tudo o que você faz

 

Yeah, they were all yellow

Sim, elas eram todas amarelas

 

I came along

Eu fui chegando

 

I wrote a song for you

Escrevi uma canção para você

 

And all the things you do

E tudo que você faz

 

And it was called Yellow

E o nome dela era Amarelo

 

So then I took my turn

Então, eu aproveitei minha chance

 

Oh, what a thing to have done

Oh, que coisa pra se fazer

 

And it was all yellow

E era tudo amarelo

 

Your skin, oh yeah, your skin and bones

Sua pele, oh sim, sua pele e ossos

 

Turn into something beautiful

Tornam-se algo lindo

 

And you know, you know I love you so

E Você sabe, Você sabe eu amo tanto você

 

You know I love you so

Você sabe eu amo tanto você

 

I swam across

E através, Eu nadei

 

I jumped across for you

E através, eu saltei para você

 

Oh, what a thing to do

Oh, que coisa para se fazer

 

'Cause you were all yellow

Porque vocês eram todas amarelas

 

I drew a line

Eu desenhei uma linha

 

I drew a line for you

Eu desenhei uma linha para Você

 

Oh, what a thing to do

Oh, que coisa para se fazer

 

And it was all yellow

E era tudo amarelo

 

And your skin, oh yeah, your skin and bones

E a sua pele, oh sim, a sua pele e ossos

 

Turn into something beautiful

Tornam-se algo lindo

 

And you know, for you, I'd bleed myself dry

E você sabe, para você, eu sangraria tudo de mim

 

For you, I'd bleed myself dry

Para Você, eu sangraria tudo de mim

 

It's true

É verdadeiro

 

Look how they shine for you

Look how they shine for you

Veja, como elas brilham por você

 

Look how they shine for

Veja como elas brilham

 

Look how they shine for you

Look how they shine for you

Veja como elas brilham por você

 

Look how they shine

Veja como elas brilham

 

 

Look at the stars

Olhe as estrelas

 

 

Look how they shine for you

Veja como elas brilham por você

 

 

And all the things that you do

E todas as coisas que você faz

 

 

 

 

Viva la Vida

Coldplay

 

I used to rule the world

Eu costumava mandar no mundo

 

Seas would rise when I gave the word

Levantar mares sob o comando da minha palavra

 

Now in the morning I sleep alone

Agora eu durmo sozinho pela manhã

 

Sweep the streets I used to own

Varro as ruas que costumavam ser minhas

 

I used to roll the dice

Eu costumava rolar os dados

 

Feel the fear in my enemy's eyes

Sentir o medo nos olhos inimigos

 

Listen as the crowd would sing:

Ouvir a multidão cantar

 

"Now the old king is dead!

Long live the king!"

“Agora o velho rei está morto!

Vida longa para o rei!”

 

One minute I held the key

Em um instante eu tinha a chave

 

Next the walls were closed on me

No outro paredes se fechavam sobre mim

 

And I discovered that my castles stand

E eu descobri que meu castelo se sustentava

 

Upon pillars of salt and pillars of sand

Sobre pilares de sal e pilares de areia

 

I hear Jerusalem bells are ringing

Eu ouço o tocar dos sinos de Jerusalém

 

Roman Cavalry choirs are singing

O coro da Cavalaria Romana está a cantar

 

Be my mirror my sword and shield

Seja meu espelho, minha espada e escudo

 

My missionaries in a foreign field

Meus missionários em um mundo estrangeiro

 

For some reason I can't explain

Por motivos que eu não sei explicar

 

Once you go there was never

Uma vez lá, nunca era

 

Never an honest word

Uma palavra honesta, nunca era

 

That was when I ruled the world

Aquilo era quando eu mandava no mundo

 

It was the wicked and wild wind

Era o vento implacável e selvagem

 

Blew down the doors to let me in

Soprou abaixo as portas para me deixar entrar

 

Shattered windows and the sound of drums

Despedaçou janelas e o som dos tambores

 

People couldn't believe what I'd become

As pessoas não acreditariam no que eu me tornaria

 

Revolutionaries wait

Revolucionários esperam

 

For my head on a silver plate

Pela minha cabeça em uma bandeja de prata

 

Just a puppet on a lonely string

Apenas um fantoche por uma única linha

 

Oh who would ever want to be king?

Oh quem jamais iria querer ser rei?

 

I hear Jerusalem bells are ringing

Eu ouço o tocar dos sinos de Jerusalém

 

Roman Cavalry choirs are singing

O coro da Cavalaria Romana está a cantar

 

Be my mirror my sword and shield

Seja meu espelho, minha espada e escudo

 

My missionaries in a foreign field

Meus missionários em um mundo estrangeiro

 

For some reason I can't explain

Por motivos que eu não sei explicar

 

I know Saint Peter won't call my name

Eu sei São Pedro não chamará meu nome

 

Never an honest word

Nunca uma palavra honesta

 

But that was when I ruled the world

Mas isso era quando eu mandava no mundo

 

I hear Jerusalem bells are ringing

Eu ouço o tocar dos sinos de Jerusalém

 

Roman Cavalry choirs are singing

O coro da Cavalaria Romana está a cantar

 

Be my mirror my sword and shield

Seja meu espelho, minha espada e escudo

 

My missionaries in a foreign field

Meus missionários em um mundo estrangeiro

 

For some reason I can't explain

Por motivos que eu não sei explicar

 

I know Saint Peter will call my name

Eu sei São Pedro chamará sim meu nome

 

Never an honest word

Nunca uma palavra honesta

 

But that was when I ruled the world

Mas isso era quando eu mandava no mundo

 

 

 

 

 

Que a paz dos artistas e de todos os que amam a arte estejam convosco!

 

Antes de tudo, vamos lembrar que esta é apenas mais uma leitura entre tantas e que, de acordo com uma famosa Teoria da Leitura e Literatura, a Teoria da Recepção, em resumo, uma vez que um texto seja publicado, a interpretação dele pertence aos leitores, uma espécie de comunidade universal de intérpretes.

 

A fim de não realizar o que alguns chamariam de superinterpretação, algumas perguntas serão feitas, ou seja, no lugar de cortar a sua leitura singular e própria do poema e da canção, pois letra e música são, uma vez unidas, uma essência indissociável em nossas mentes e corações, faremo conjecturas e indagações para que Você também possa exercitar suas próprias capacidades interpretativas…

 

As duas letras, na superfície, parecem ter pouco em comum: entretanto, aqui, aplicaremos a hipótese do iceberg, de que em tudo está oculto algo mais substancioso e profundo, significados criados, inteligibilidades, que vão muito além das aparências… bem, se não estavam lá, passarão a estar na medida em que criamos tais verdades, o corpo do iceberg abaixo da superfície, escondido nas profundezas de nossas próprias águas…

 

Nas Abordagens Fenomenológicas, ainda mais, na Gestalt-Terapia, não se vê, em princípio, o mundo por um viés interpretativo, e sim descritivo, a fim de se estimular e respeitar o fato de que somos únicos e cada coisa ou ser, enfim, o mundo, será também de um sentido único para nós… todo ser humano é uma singular fonte de si, enquanto bebe de si e do mundo, que é configurado pela existência de infinitas outras singularidades, pensantes ou não.

 

Mas uma canção… ah… uma canção… João Cabral de Melo Neto, se não me engano, foi quem disse: “explicar um poema é o mesmo que matá-lo”.

 

Sentir as palavras, não se restringir a só pensá-las, essa é uma das belezas da poesia, mesmo a em prosa.

 

Na primeira letra, vemos uma carta de amor, um elogio, com pleno Romantismo: “I`d bleed myself dry; eu sangraria tudo de mim”, eu secaria meu sangue todo de mim… eu morreria de amor, se necessário, pois o meu amor e mais importante que minha própria vida.

 

O eu lírico… aquele que fala e se representa nas palavras da letra, rende graças ao poder do amor, coloca-se menor do que o amor, e, por isso mesmo, não se coloca como todo-poderoso, empoderado, senão através da definição que faz de si, como aquele que sente, aquele em que está habitando o amor que existe na “estrela amarela que é o ser amado”… estas são extensões, figurações, em um mistura de descrição e interpretação possível para o que se passa e o que poderia estar sendo descrito na letra…

 

Você acha que está fazendo sentido até agora?

 

O na letra de Viva la Vida?

 

Existiria alguma semelhança?

 

Seriam, na verdade, um iceberg em um mesmo mar, ou poderiam ser até mesmo um mesmo iceberg?

 

Em Viva la Vida… há uma espécie de narrativa... uma descrição de um passado de quando as coisas eram, de como eram, quando o eu lírico era o “rei”... “But that was when I ruled the world; Mas isso era quando eu mandava no mundo”.

 

Tudo é descrito sob uma perspectiva de poder perdido, de decadência, perda de autoridade, perda de força do ponto de vista institucional…

 

Mas, caro leitor, o que a palavra força significaria para você? O que determina uma pessoa forte? O que faz alguém ser forte? (retornaremos a isto).

 

No final, o eu lírico diz: “I know Saint Peter will call my name; Eu sei São Pedro chamará sim meu nome”.... estará ele falando de quando, na visão do senso comum, São Pedro regula a entrada das pessoas no céu, chamando pelo nome delas, aos pés do portal divino?

 

O eu lírico dá a entender que está sem poder, o poder de outrora, mas que, por outro lado, ou devido a este desapego, a este dester, não ter o poder, poderia estar ele dizendo, que a falta “daquele” poder, tornou-o mais pleno, mais feliz, mais virtuoso, a ponto de se pensar: “sim, agora São Pedro vai chamar meu nome”

 

O eu lírico chega a dizer: “For some reason i can`t explain”... o mistério é abrigo dos humildes, daqueles que admitem não saber, dos que não se acham poderosos, e, por isso, mesmo talvez, venham a ser, justamente, os mais poderosos…

 

Existem um processo de proteção existencial que muitos chamam de mecanismo de defesa: a “projeção”.

 

O ser leva adiante, para frente, para o outro, para o mundo que está diante de si, aquilo que ele, na verdade, tem criado em si mesmo: Pro, pra frente; Jeção, ato de levar, colocar.

 

Toda arte conteria a possibilidade de manifestar um pedaço do interior de quem a criara. Haveria um continuum, um elo inevitável, uma continuidade inegável entre o artista e o que ele cria.

 

Mas a interpretação pertence ao leitor, certo?

 

Isto não impediria de haver um pedaço do ser humano que criou na arte criada…

 

Fato seria que somos singulares, mas somos todos humanos e comungamos, compartilhamos desta condição, compartilhamos desse mundo que nos abriga, ainda que repleto de desigualdades sociais.

 

Contudo, respiramos oxigênio, sonhamos, sangramos, suamos, choramos, lembramos e temos algumas semelhanças que nos unem em uma única identidade, a de sermos seres humanos.

 

As duas letras falam portanto, de cada um de nós, por serem tão profundas em sentimento que evocam essa ressonância, que trazem a chance de identificação… quem de nós já não amou, ou já não caiu e teve que se levantar de novo e de novo?

Não seria isso também uma maneira de explicar o amor, dentre tantas?

 

Uma terra sinuosa de altos e baixos, relevos e climas inúmeros, nada lineares, sustentada por um núcleo que é tão quente e profundo que não o alcançamos, embora sejamos capazes de sentí-lo em sua substância e nos efeitos dela?

 

O Amor é mistérios de estrelas e poderes que se foram… a luz das estrelas que vemos já partiram da essência que elas são, mas quem haveria de negar toda a poesia que trazem para nós?

 

A verdadeira força não seria isso? Não precisar mandar no mundo, para estar satisfeito, e sim amar, amar e amar, a fim de sentir e ser as virtudes, a alegria: daquele que, porque ama, tem no amor sua própria recompensa (como já dizia provérbio antigo: “aquele que ama tem no amor sua própria recompensa”)

 

Quando lemos ou escrevemos ou cantamos, o nos relacionamos, haverá sempre a possibilidade intensa da ocorrência de uma projeção…

 

Porque o ser humano parece ser um ser de conexão…

 

Somos uma junção inescapável entre ser e meio… estamos lançados no mundo escravizados pela necessária e, às vezes, também angustiante, qualidade de fazer escolhas, sejam estas conscientes ou não tão conscientes…

 

Todos desconhecem o outro, mas, ao conhecerem algo de si, deslocam para o outro o pouco que conhecem de si, a fim de não ter o outro como um terreno totalmente desconhecido.

 

Quando não se tem uma informação e ela é obrigatória, até por uma necessidade emocional, não temos de onde tirar parâmetros e dados, senão de nós mesmos… isso é um tanto projeção…

 

O eu lírico aprendeu e criou os valores que apresentou sobre o amor e o poder. Isto nos toca a todos, pois vivemos em um mesmo planeta e vivemos uma certa semelhança de condições que afetam o nosso corpo…

 

Enfim, são conjecturas… todas as vezes que pensamos em fazer alguma coisa com quem amamos, podemos acabar fazendo algo que gostaríamos que o indivíduo que amamos estivesse fazendo conosco…

 

Quando cantamos, cantamos para nós mesmos e para o amor que somos, bem como para o amor que nos conecta com o outro e com o mundo…

 

O mundo precisaria de menos poder, de menos força, nos sentidos usuais…

 

Mas será que poderia haver mundo sem Amor?

 

Para você, o que, ou quem, seria o Amor? O que é ser forte? O que é ser poderoso?

 

 

 

 

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