Frederico D. R. Cavalcanti.
Yellow
Coldplay
Look at the stars
Olhe as estrelas
Look how they shine for you
Veja como elas brilham por você
And everything you do
E tudo o que você faz
Yeah, they were all yellow
Sim, elas eram todas amarelas
I came along
Eu fui chegando
I wrote a song for you
Escrevi uma canção para você
And all the things you do
E tudo que você faz
And it was called Yellow
E o nome dela era Amarelo
So then I took my turn
Então, eu aproveitei minha chance
Oh, what a thing to have done
Oh, que coisa pra se fazer
And it was all yellow
E era tudo amarelo
Your skin, oh yeah, your skin and bones
Sua pele, oh sim, sua pele e ossos
Turn into something beautiful
Tornam-se algo lindo
And you know, you know I love you so
E Você sabe, Você sabe eu amo tanto você
You know I love you so
Você sabe eu amo tanto você
I swam across
E através, Eu nadei
I jumped across for you
E através, eu saltei para você
Oh, what a thing to do
Oh, que coisa para se fazer
'Cause you were all yellow
Porque vocês eram todas amarelas
I drew a line
Eu desenhei uma linha
I drew a line for you
Eu desenhei uma linha para Você
Oh, what a thing to do
Oh, que coisa para se fazer
And it was all yellow
E era tudo amarelo
And your skin, oh yeah, your skin and bones
E a sua pele, oh sim, a sua pele e ossos
Turn into something beautiful
Tornam-se algo lindo
And you know, for you, I'd bleed myself dry
E você sabe, para você, eu sangraria tudo de mim
For you, I'd bleed myself dry
Para Você, eu sangraria tudo de mim
It's true
É verdadeiro
Look how they shine for you
Look how they shine for you
Veja, como elas brilham por você
Look how they shine for
Veja como elas brilham
Look how they shine for you
Look how they shine for you
Veja como elas brilham por você
Look how they shine
Veja como
elas brilham
Look at the stars
Olhe as
estrelas
Look how they
shine for you
Veja como
elas brilham por você
And all the
things that you do
E todas as coisas que você faz
Viva la Vida
Coldplay
I used to
rule the world
Eu costumava
mandar no mundo
Seas would
rise when I gave the word
Levantar
mares sob o comando da minha palavra
Now in the
morning I sleep alone
Agora eu
durmo sozinho pela manhã
Sweep the
streets I used to own
Varro as ruas que costumavam ser minhas
I used to
roll the dice
Eu costumava
rolar os dados
Feel the
fear in my enemy's eyes
Sentir o
medo nos olhos inimigos
Listen as
the crowd would sing:
Ouvir a
multidão cantar
"Now
the old king is dead!
Long live
the king!"
“Agora o velho rei está morto!
Vida longa para o rei!”
One minute I
held the key
Em um
instante eu tinha a chave
Next the
walls were closed on me
No outro
paredes se fechavam sobre mim
And I
discovered that my castles stand
E eu
descobri que meu castelo se sustentava
Upon pillars
of salt and pillars of sand
Sobre pilares de sal e pilares de areia
I hear
Jerusalem bells are ringing
Eu ouço o
tocar dos sinos de Jerusalém
Roman
Cavalry choirs are singing
O coro da
Cavalaria Romana está a cantar
Be my mirror
my sword and shield
Seja meu
espelho, minha espada e escudo
My
missionaries in a foreign field
Meus
missionários em um mundo estrangeiro
For some
reason I can't explain
Por motivos
que eu não sei explicar
Once you go
there was never
Uma vez lá,
nunca era
Never an
honest word
Uma palavra
honesta, nunca era
That was
when I ruled the world
Aquilo era quando eu mandava no mundo
It was the
wicked and wild wind
Era o vento
implacável e selvagem
Blew down
the doors to let me in
Soprou
abaixo as portas para me deixar entrar
Shattered
windows and the sound of drums
Despedaçou
janelas e o som dos tambores
People
couldn't believe what I'd become
As pessoas não acreditariam no que eu me tornaria
Revolutionaries
wait
Revolucionários
esperam
For my head
on a silver plate
Pela minha
cabeça em uma bandeja de prata
Just a
puppet on a lonely string
Apenas um
fantoche por uma única linha
Oh who would
ever want to be king?
Oh quem jamais iria querer ser rei?
I hear
Jerusalem bells are ringing
Eu ouço o
tocar dos sinos de Jerusalém
Roman
Cavalry choirs are singing
O coro da
Cavalaria Romana está a cantar
Be my mirror
my sword and shield
Seja meu
espelho, minha espada e escudo
My
missionaries in a foreign field
Meus
missionários em um mundo estrangeiro
For some
reason I can't explain
Por motivos
que eu não sei explicar
I know Saint
Peter won't call my name
Eu sei São
Pedro não chamará meu nome
Never an
honest word
Nunca uma
palavra honesta
But that was
when I ruled the world
Mas isso era quando eu mandava no mundo
I hear
Jerusalem bells are ringing
Eu ouço o
tocar dos sinos de Jerusalém
Roman
Cavalry choirs are singing
O coro da
Cavalaria Romana está a cantar
Be my mirror
my sword and shield
Seja meu
espelho, minha espada e escudo
My
missionaries in a foreign field
Meus
missionários em um mundo estrangeiro
For some
reason I can't explain
Por motivos
que eu não sei explicar
I know Saint
Peter will call my name
Eu sei São
Pedro chamará sim meu nome
Never an
honest word
Nunca uma
palavra honesta
But that was
when I ruled the world
Mas isso era quando eu mandava no mundo
Que a paz dos artistas e de todos os que amam a arte estejam
convosco!
Antes de tudo, vamos
lembrar que esta é apenas mais uma leitura entre tantas e que, de acordo com
uma famosa Teoria da Leitura e Literatura, a Teoria da Recepção, em resumo, uma
vez que um texto seja publicado, a interpretação dele pertence aos leitores,
uma espécie de comunidade universal de intérpretes.
A fim de não realizar o que
alguns chamariam de superinterpretação, algumas perguntas serão feitas, ou
seja, no lugar de cortar a sua leitura singular e própria do poema e da canção,
pois letra e música são, uma vez unidas, uma essência indissociável em nossas
mentes e corações, faremo conjecturas e indagações para que Você também possa
exercitar suas próprias capacidades interpretativas…
As duas letras, na
superfície, parecem ter pouco em comum: entretanto, aqui, aplicaremos a
hipótese do iceberg, de que em tudo está oculto algo mais substancioso e
profundo, significados criados, inteligibilidades, que vão muito além das
aparências… bem, se não estavam lá, passarão a estar na medida em que criamos
tais verdades, o corpo do iceberg abaixo da superfície, escondido nas
profundezas de nossas próprias águas…
Nas Abordagens
Fenomenológicas, ainda mais, na Gestalt-Terapia, não se vê, em princípio, o
mundo por um viés interpretativo, e sim descritivo, a fim de se estimular e
respeitar o fato de que somos únicos e cada coisa ou ser, enfim, o mundo, será
também de um sentido único para nós… todo ser humano é uma singular fonte de
si, enquanto bebe de si e do mundo, que é configurado pela existência de
infinitas outras singularidades, pensantes ou não.
Mas uma canção… ah… uma
canção… João Cabral de Melo Neto, se não me engano, foi quem disse: “explicar
um poema é o mesmo que matá-lo”.
Sentir as palavras, não se
restringir a só pensá-las, essa é uma das belezas da poesia, mesmo a em prosa.
Na primeira letra, vemos
uma carta de amor, um elogio, com pleno Romantismo: “I`d bleed myself dry; eu
sangraria tudo de mim”, eu secaria meu sangue todo de mim… eu morreria de amor,
se necessário, pois o meu amor e mais importante que minha própria vida.
O eu lírico… aquele que
fala e se representa nas palavras da letra, rende graças ao poder do amor,
coloca-se menor do que o amor, e, por isso mesmo, não se coloca como
todo-poderoso, empoderado, senão através da definição que faz de si, como
aquele que sente, aquele em que está habitando o amor que existe na “estrela
amarela que é o ser amado”… estas são extensões, figurações, em um mistura de
descrição e interpretação possível para o que se passa e o que poderia estar
sendo descrito na letra…
Você acha que está fazendo
sentido até agora?
O na letra de Viva la Vida?
Existiria alguma
semelhança?
Seriam, na verdade, um
iceberg em um mesmo mar, ou poderiam ser até mesmo um mesmo iceberg?
Em Viva la Vida… há uma
espécie de narrativa... uma descrição de um passado de quando as coisas eram,
de como eram, quando o eu lírico era o “rei”... “But that was when I ruled the world;
Mas isso era quando eu mandava no mundo”.
Tudo é descrito sob uma
perspectiva de poder perdido, de decadência, perda de autoridade, perda de
força do ponto de vista institucional…
Mas, caro leitor, o que a
palavra força significaria para você? O que determina uma pessoa forte? O que
faz alguém ser forte? (retornaremos a isto).
No final, o eu lírico diz:
“I know Saint
Peter will call my name; Eu sei São Pedro chamará sim meu nome”.... estará ele
falando de quando, na visão do senso comum, São Pedro regula a entrada das
pessoas no céu, chamando pelo nome delas, aos pés do portal divino?
O eu lírico dá a entender que está sem poder, o
poder de outrora, mas que, por outro lado, ou devido a este desapego, a este
dester, não ter o poder, poderia estar ele dizendo, que a falta “daquele”
poder, tornou-o mais pleno, mais feliz, mais virtuoso, a ponto de se pensar:
“sim, agora São Pedro vai chamar meu nome”
O eu lírico chega a dizer: “For some reason i can`t
explain”... o mistério é abrigo dos humildes, daqueles que admitem não saber,
dos que não se acham poderosos, e, por isso, mesmo talvez, venham a ser,
justamente, os mais poderosos…
Existem um processo de proteção existencial que
muitos chamam de mecanismo de defesa: a “projeção”.
O ser leva adiante, para frente, para o outro, para
o mundo que está diante de si, aquilo que ele, na verdade, tem criado em si
mesmo: Pro, pra frente; Jeção, ato de levar, colocar.
Toda arte conteria a possibilidade de manifestar um
pedaço do interior de quem a criara. Haveria um continuum, um elo inevitável,
uma continuidade inegável entre o artista e o que ele cria.
Mas a interpretação pertence ao leitor, certo?
Isto não impediria de haver um pedaço do ser humano
que criou na arte criada…
Fato seria que somos singulares, mas somos todos
humanos e comungamos, compartilhamos desta condição, compartilhamos desse mundo
que nos abriga, ainda que repleto de desigualdades sociais.
Contudo, respiramos oxigênio, sonhamos, sangramos,
suamos, choramos, lembramos e temos algumas semelhanças que nos unem em uma
única identidade, a de sermos seres humanos.
As duas letras falam portanto, de cada um de nós,
por serem tão profundas em sentimento que evocam essa ressonância, que trazem a
chance de identificação… quem de nós já não amou, ou já não caiu e teve que se
levantar de novo e de novo?
Não seria isso também uma maneira de explicar o
amor, dentre tantas?
Uma terra sinuosa de altos e baixos, relevos e
climas inúmeros, nada lineares, sustentada por um núcleo que é tão quente e
profundo que não o alcançamos, embora sejamos capazes de sentí-lo em sua
substância e nos efeitos dela?
O Amor é mistérios de estrelas e poderes que se
foram… a luz das estrelas que vemos já partiram da essência que elas são, mas
quem haveria de negar toda a poesia que trazem para nós?
A verdadeira força não seria isso? Não precisar
mandar no mundo, para estar satisfeito, e sim amar, amar e amar, a fim de
sentir e ser as virtudes, a alegria: daquele que, porque ama, tem no amor sua
própria recompensa (como já dizia provérbio antigo: “aquele que ama tem no amor
sua própria recompensa”)
Quando lemos ou escrevemos ou cantamos, o nos relacionamos,
haverá sempre a possibilidade intensa da ocorrência de uma projeção…
Porque o ser humano parece ser um ser de conexão…
Somos uma junção inescapável entre ser e meio…
estamos lançados no mundo escravizados pela necessária e, às vezes, também angustiante,
qualidade de fazer escolhas, sejam estas conscientes ou não tão conscientes…
Todos desconhecem o outro, mas, ao conhecerem algo
de si, deslocam para o outro o pouco que conhecem de si, a fim de não ter o
outro como um terreno totalmente desconhecido.
Quando não se tem uma informação e ela é
obrigatória, até por uma necessidade emocional, não temos de onde tirar
parâmetros e dados, senão de nós mesmos… isso é um tanto projeção…
O eu lírico aprendeu e criou os valores que
apresentou sobre o amor e o poder. Isto nos toca a todos, pois vivemos em um
mesmo planeta e vivemos uma certa semelhança de condições que afetam o nosso
corpo…
Enfim, são conjecturas… todas as vezes que pensamos
em fazer alguma coisa com quem amamos, podemos acabar fazendo algo que
gostaríamos que o indivíduo que amamos estivesse fazendo conosco…
Quando cantamos, cantamos para nós mesmos e para o
amor que somos, bem como para o amor que nos conecta com o outro e com o mundo…
O mundo precisaria de menos poder, de menos força, nos
sentidos usuais…
Mas será que poderia haver mundo sem Amor?
Para você, o que, ou quem, seria o Amor? O que é ser
forte? O que é ser poderoso?
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