05 março, 2023

Senhor dos Anéis. Samwise Gamgee. Tolkien. Gestalt-Terapia... Será?


 "É como nas grandes histórias sr. Frodo. As realmente importantes. Eram cheias de perigo e escuridão. E às vezes nem se queria saber o final. Por que como o fim poderia ser feliz? Como o mundo poderia voltar a ser o que sempre foi quando tanta coisa ruim acontecia? Mas no final é algo que passará, essa sombra, até mesmo a escuridão acabará. Um novo dia virá. E quando o sol nascer ele brilhará ainda mais. Essas eram as histórias que ficavam com a gente, que significavam alguma coisa, mesmo quando eu era pequeno demais para entender por quê. Mas eu acho, sr. Frodo, que eu entendo. Agora eu já sei. As pessoas daquelas histórias tiveram muitas chances para desistir, mas não desistiram. Elas foram em frente porque estavam se agarrando a alguma coisa. (...) Que há algo de bom neste mundo, sr. Frodo. Algo pelo qual vale a pena lutar." 

Samwise Gamgee (O Senhor dos Anéis, de J.R.R.Tolkien). 

 

Não é à toa que este personagem tem a palavra "wise" (em inglês: sábio) no nome. 

 

John Ronald Reuel Tolkien (J. R. R. Tolkien) criou o Senhor dos Anéis a partir de uma fonte que bem que poderia ter sido uma vida que ele teve em outra dimensão, vinda de lembranças transdimensionais, graças a uma possível e poderosa paranormalidade... bem que poderia... 

Contudo, isso é mais uma fantasia e, embora Tolkien considerasse um dever de muitos, ou de todos, levantar o voo de si e uns dos outros, no céu da fantasia, a fim de ver com outros sentidos o mundo real e poder melhor criá-lo e suportá-lo, uma importante delimitação devo fazer aqui: vamos falar um pouco sobre Arte, Psicologia e Filosofia, em relação à obra: O Senhor dos Anéis... 

 

O Senhor dos Anéis é considerado (o livro) o primeiro exemplo de realidade virtual da literatura, a humana, pelo menos, já que em outras dimensões, outros seres podem existir (já falamos disto logo acima). 

 

 

Fica difícil até acreditar que Tolkien não tenha vivido, ele mesmo, os idiomas dos elfos e anões, as transformações do tempo, da vegetação e do relevo, bem como a leitura dos mapas e o estudo da cronologia, tudo isto uma realidade aparte, dentro dos acontecimentos e movimentos da história... ou melhor, são detalhes, hiper detalhes dentro da grande historicidade desta fantasia, se é que foi fantasia mesmo (sussurro: ou foram reais eventos de outro mundo). 

 

Uma grande coisa na história é que existe um Anel, que é uma entidade em si, embora continue sendo um objeto: podendo-se dizer que é um Anel personificado (e mau), pois contém realmente uma força própria de influência e capacidade de plasmar acontecimentos dentro da história, tudo para cumprir um destino de retorno ao mestre que o forjou (Sauron), com o intuito de governar todos os demais poderes de outros 19 anéis repletos de magia: na verdade, a época do livro, restaram apenas 07 anéis de poder. 

 

Outra grande coisa, igualmente importante, é a jornada do herói empreendida por Frodo Baggins, um ser simples em aparência, mas que demonstra uma imensidão de força e virtude, no curso da história. 

 

Samwise Gamgee, por sua vez, é um Amigo de Frodo. Ambos iniciam uma jornada para destruir o Anel (o mau), juntamente com uma companhia: a Sociedade do Anel. 

 

Em uma das abordagens da Psicologia, denominada Gestalt-Terapia, pela qual tenho muito apreço (minha preciosa), há a informação de uma teoria chamada Teoria d(e)(o) Campo. 

 

BAsicamente, Cada ser que existe, nós somos não um ser isolado, e sim uma relação. Somos relacionamentos, relacões que andam: relações organismo-meio. 

 

Somos um Ser-Ambiente. Como poderia um ser viver sem um ambiente com o qual pudesse interagir e satisfazer necessidades de todo o tipo, inclusive as que se poderia chamar de orgânicas. 

É verdade que somos seres integrados, em todas as direções. Nossos denominados órgãos internos, por exemplo, estão integrados em um sistema, cheio de funções. Nosso ambiente, a começar pelo chão, nos dá uma série de suportes e sustentação em diversos sentidos. 

 

Devemos lembrar que o ar que respiramos, a pessoa com quem nos comunicamos, tudo isto é ambiente, sendo no último caso, um ambiente social. 

 

Frodo e Sam eram, naquele momento, formadores de um único campo, em uma certa medida, mesmo que cada um já fosse um campo em si, estavam também sendo um campo, na relação de um com o outro, pois eram ambiente um do outro e cada um trazia a alma de si para a relação: "organismo-meio". 

 

Quando Frodo está prestes a desistir, o que significaria que todo um mundo iria sucumbir, cair mesmo, nas mãos malignas de Sauron (a não ser que Gollum-Smeagal decidisse a parada e matasse o Sauron para apreciar o anel para sempre), vem Sam e completa a força de Frodo, fazendo com que algo reacendesse. 

 

Ali, o grande centro de sentidos que é a jornada dialética do encontro entre Frodo e o Anel, ambos detestáveis um para o outro, de alguma maneira, pois ambos queriam se livrar um do outro, no devido momento... ali, aquele grande encontro inicial é transformado pela força diferenciadora, como uma serra que cria rios diferentes, ou uma barragem que dá novas direções para as águas, ali, Sam muda a história de Frodo e do mundo, pois se relaciona com Frodo, ajudando-o a ver as próprias capacidades de crescimento, ajudando-o a ver novas possibilidades, tendo acreditado que havia chance de transformação na situação e em Frodo. 

 

Somos seres de infinitas possibilidades e a palavra pode ser janela para a passagem de um mundo para outro, em nosso ser. 

 

Ninguém precisa ser "grande" para fazer história... todos fazemos história através de nosso campo, das relações que constantemente "somos" na nossa existência. 

 

Não nos desliguemos, e sim nos conectemos uns aos outros, e salvemos nosso planeta... 

 

Chega de noções de separação... não há igual ou superior, pois somos unos... apesar de sermos singulares em si, somos unos também, eis que somos seres ambientalizados e ambientalizantes uns em relação inevitável com os outros. 

 

Somos um Universo Vivo. 

 

SAmwise GAmgee nos ajuda a compreender uma certa forma estética e, consequentemente, também ética, de sentir e pensar à vida, à Gestalt-Terapia, a Psicologia, e as outras dimensões onde Tolkien viveu... hehehehh... este último quesito é pura fantasia... ou não... Será?


Frederico D R Cavalcanti

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