05 março, 2023

NARJARA MACEDO: A VIDA REINVENTADA


 

             Ano novo começando, as esperanças se renovam! E, mesmo parecendo clichê, sempre é momento de fazer reflexões, seja do ponto de vista profissional, familiar ou até sobre situações que vivemos e pessoas que conhecemos durante a nossa jornada. E numa dessas memórias, lembrei-me da professora Narjara Medeiros de Macedo, que em suas aulas, sempre procurava nos trazer o que havia de mais benévolo no ser humano.  Suas falas, sempre ouvidas com atenção por seus alunos, nos faziam entender que éramos únicos, cada um com sua singularidade, se refazendo ao longo da vida.

            Estamos num momento muito propicio para refletir sobre reinvenção das nossas vidas, seja pelo fato de termos passado recentemente por um isolamento social, ou por um governo conservador. Talvez, todo esse período em que passamos sirva também para dar novos significados a nossa existência.

             E dar outros significados também sugere se reinventar. Essa palavra me remente à infância, lá por volta dos meus cinco anos, quando pela primeira vez eu ouvi uma canção de Guilherme Arantes/Jon Lucien, na voz de Maria Bethânia, chamada ”Brincar de Viver”. 

A seguir um trecho:” .

..Você verá que é mesmo assim/

Que a história não tem fim/

Continua sempre que você responde "Sim" a sua imaginação/

A arte de sorrir/

Cada vez que o mundo diz "não"...

Você verá que a emoção começa agora/

Agora é brincar de viver...”

Com arranjos harmoniosos, uma letra reflexiva e motivadora, penso que “Brincar de Viver” seria uma espécie de canção ideal para o momento em que vivemos atualmente. A letra é uma ponderação sobre a existência, sobre a vida, e de alguma forma faz com que a esperança dialogue conosco. Maria Bethânia, com sua voz majestosa nos convida a redescobrir nosso lugar no mundo:

...Quem vai querer voltar pro ninho/

Redescobrir seu lugar/

Prá retornar e enfrentar o dia-a-dia /

Reaprender a sonhar...”

Voltar para o ninho, é voltar-se para dentro de si, caro leitor. Contemplar a si mesmo, buscar-se dentro de você, se autoconhecer, aprimorar suas habilidades, contemplar sua subjetividade, descobrir o que você tem de melhor e valorizar tudo isso. 

Você lê, você escreve, você pensa, reconstrua a sua vida, começando pela sua imaginação, ela é parceira da criatividade.  Quem é você? Qual sua missão aqui nesse mundo? Quais seus sonhos, o que ainda pensa em fazer, ou resgatar em sua vida? Imaginar é inventar e consequentemente se reinventar, nos dizia sempre a professora Narjara Macedo.

“...A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não". Esta frase é uma das passagens mais interessantes da letra, pois como sabemos, o mundo nos dá muitos “nãos”, porém devemos continuar lutando para termos o nosso “sim” e não importam quantas “negativas” a gente receba, implica o que faremos com elas, isso faz toda a diferença.

Talvez seja essa uma das missões de seres iluminados como professora Narjara Macedo, servir de referências para nós, aprendizes da vida. Com sua habilidade de transmitir conhecimento, ela nos motiva a abrir novas janelas, quando portas se fecham, criar novas perspectivas, enxergar a vida por outro angulo, ir sempre além ...   Daí a importância de cultivar a arte de sorrir, de viver, bem como de termos esperanças, de termos resiliência.

   Estamos passando por uma época de mudanças, parece clichê dizer isto, todavia sabemos que a vida, na verdade nunca deixou de ser uma espécie de “caixinha de surpresa”. Quem não lembra do filme “Forrest Gump” e da famosa frase do carismático personagem :“A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar lá dentro...”  Você já parou para pensar que realmente ele tem razão; não sabemos nada sobre o dia de amanhã, todavia podemos aproveitar o hoje e fazer muitos planos para a nossa vida, mesmo que alguns não se realizem. Mas, o que vale é a tentativa, é a emoção de se sentir vivo e útil.

Narjara Macedo, com seu exemplo, nos deixava claro que deveríamos ter a consciência de que o importante na vida é não parar de lutar, não parar de seguir nossa jornada, descobrir-se, conhecer-se. Sonhar, planejar, imaginar, fazem parte do processo de encontrar-se.  Que outras preocupações sejam insignificantes diante da vontade de ser, de fazer a diferença. Que as limitações do ser e as decepções do caminho sejam motivadoras de crescimento, de aprendizado.  Quando pensamos “sonhar demais” ou “sentir demais”, vale considerar que o sonho e o sentir compõem a tentativa de definição que buscamos a vida toda. Há tanto para ser visto e vivido, por que não ousar? Afinal de contas, só temos uma vida, e ela passa muito rápido...

            Enfim, a vida é assim, feita pra sorrir e pra chorar, felizmente ou infelizmente, se não tivesse essa “balança” como saberíamos apreciá-la? Como iriamos diferenciar os momentos bons dos ruins? Talvez ficássemos entediados. Temos que, como sugere a letra da música, “brincar de viver”, não no sentido da irresponsabilidade, porém aproveitar a vida da melhor forma, com alegria e esperanças.

Narjara Macedo, onde você estiver, obrigado por nos ensinar a RECOMEÇAR, e acima de tudo, buscar forças, ter fé, valorizar o ser humano e admirar as pequenas coisas, pequenos gestos, se surpreender com algo que não esperávamos, dar novos significados para nossa vida, todos os dias.

Só assim poderemos nos reconstituir, pois como sugeriu Cecilia Meireles, “a vida só é possível  reinventada".


Por Thiago Gonzaga.



 

 

 

 

 

 

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