MÊS DE JUNHO CHEGOU!
É HORA DE FALAR DE LUIZ GONZAGA, O
REI DO BAIÃO E DAS FESTAS JUNINAS.
Olha pro céu, meu
amor
Vê como ele está
lindo
Luiz Gonzaga
Luiz
Gonzaga, o Rei do Baião, que cantava acompanhado de sanfona, zabumba e
triângulo, levou a cultura musical nordestina para todo o paÃs. Várias das
letras de suas músicas, descreviam a luta, as tristezas e injustiças sofridas
pelo povo sertanejo.
Nasceu
no dia 13 de dezembro de 1912, numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara,
povoado do Araripe, a 12 km da área urbana do municÃpio de Exu, extremo
noroeste do estado de Pernambuco, a 610 km de Recife. Foi o segundo filho de
Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento, conhecida na região por ‘Mãe
Santana’, e oitavo de Januário José dos Santos do Nascimento.
A
cidade de Exu fica no sopé da Serra do Araripe, e inspiraria uma de suas
primeiras composições, “Pé de Serra”. Seu pai trabalhava na roça, num
latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão; também consertava o instrumento.
Foi com ele que Luiz aprendeu a tocar. Muito jovem, já se apresentava em
bailes, forrós e feiras, de inÃcio acompanhando seu pai. Autêntico
representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo
seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o
consagrou foi o baião. Canção emblemática de sua carreira, “Asa Branca”,
resultou de sua parceria com o advogado, polÃtico e compositor cearense
Humberto Teixeira. Essa música foi um dos primeiros grandes sucessos nacionais
de Luiz Gonzaga. O disco original, lançado pela RCA, no dia 3 de março de 1947.
Segundo Gonzaga, a música nasceu como toada, com raÃzes folclóricas. A
belÃssima letra retrata o sofrimento do povo do Sertão do Nordeste brasileiro
em face da seca que assola periodicamente a região. “Asa Branca “foi gravada
por diversos cantores e instrumentistas entre eles, Dominguinhos, Baden Powell,
Caetano Veloso, Elis Regina, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Xangai, Zé Ramalho e
Raul Seixas.
Em
1945, Luiz Gonzaga conheceu, em uma casa de shows da área central do Rio, uma
cantora de coro e samba, chamada Odaléia Guedes dos Santos, conhecida por Léia.
A moça estaria supostamente grávida ao conhecer Luiz. Foram morar em uma casa
alugada, e Luiz assumiu a paternidade do bebê, dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga
do Nascimento Júnior, que acabaria também seguindo a carreira artÃstica,
tornando-se o cantor Gonzaguinha. A relação entre o casal era boa no inÃcio,
mas depois começou a se desestabilizar e tornar-se conflituosa, levando Odaléia
a sair de casa com o filho, com menos de dois anos de convivência. Luiz a
buscou na pensão onde ela voltou a viver, e não aceitava que ela saÃsse de casa,
mas depois decidiu deixá-la com o filho. Léia, então, voltou a trabalhar como
dançarina e cantora, e criou o filho sozinha, mas Luiz a ajudava financeiramente
e visitava o menino.
Em
1946, Luiz voltou pela primeira vez à sua cidade natal, Exu, e reencontrou seus
pais, que havia anos não tinham notÃcias do filho. O reencontro com seu pai é
narrado em sua composição “Respeita Januário”, em parceria com Humberto
Teixeira. Ele ficou alguns meses vivendo com os pais e irmãos, mas voltou ao
Rio de Janeiro.
Ao
chegar ao Rio, ainda em 1946, conheceu a professora pernambucana Helena
Cavalcanti, em um show que fez, e começaram a namorar. Ele queria uma
secretária para cuidar de sua agenda de shows e de seu patrimônio financeiro, e
antes de a pedir em namoro, convidou-a para ser sua secretária. Helena
necessitava de um salário extra para ajudar os pais, já idosos, com quem ainda
morava, e aceitou. Eles noivaram em 1947 e casaram-se em 1948, permanecendo
juntos até o fim da vida de Luiz. Não tiveram filhos. Helena não conseguia
engravidar e o casal adotou uma criança, uma menina recém nascida, a quem batizaram
de Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento.
Ainda
em 1947, a sua primeira companheira Léia morreu de tuberculose, quando seu
filho Gonzaguinha tinha pouco mais de dois anos. Luiz queria levar o menino
para morar com ele e pediu para Helena criá-lo como se fosse dela, mas ela não
aceitou, assim como sua mãe Marieta. O casal na época ainda não havia adotado
Rosa, e Helena queria uma filha, não um filho, e também não queria nenhuma ligação
com o passado do marido; mandou que ele escolhesse: ou ela ou a criança. Luiz
decidiu manter o casamento, e entregou Gonzaguinha para que fosse criado por
seus compadres, os padrinhos de batismo da criança, Leopoldina, apelidada de
Dina, e Henrique Xavier Pinheiro. Este casal, apesar de muito pobre, criou o
menino com seus outros filhos no Morro de São Carlos. Luiz sempre visitava
Gonzaguinha e o sustentava financeiramente. Xavier o considerava como a um
filho e lhe ensinava a tocar viola. O menino também os considerava como seus
pais.
Luiz
Gonzaga morreu no dia 2 de agosto de 1989, vÃtima de parada cardiorrespiratória
no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado na
Assembleia Legislativa de Pernambuco, em Recife e posteriormente sepultado em
seu municÃpio natal.
Entre
os seus grandes sucessos estão, além de “Asa Branca”, “Súplica Cearense”, “A
Feira de Caruaru”, “No Meu pé de Serra, “Assum Preto”, “Olha Pró Céu”,” ParaÃba”,
“Cintura Fina”, “Riacho do Navio”, “Xote das Meninas”, “Pagode Russo”, “ABC do
Sertão”, alguns destes em parceria com o médico e compositor pernambucano Zé
Dantas.
A
canção “Qui nem Jiló” é um dos mais belas poemas à saudade da mulher amada:
Se
a gente lembra só por lembrar
O
amor que a gente um dia perdeu
Saudade
inté que assim é bom
Pro
cabra se convencer
Que
é feliz sem saber
Pois
não sofreu
Porém
se a gente vive a sonhar
Com
alguém que se deseja rever
Saudade,
entonce, aà é ruim
Eu
tiro isso por mim
Que
vivo doido a sofrer
Ai
quem me dera voltar
Pros
braços do meu xodó
Saudade
assim faz roer
E
amarga qui nem jiló
Mas
ninguém pode dizer
Que
me viu triste a chorar
Saudade,
o meu remédio é cantar
Com
o Rei do Baião aprendemos que não há tem distâncias para o amor, nem para o
forró raiz.
Boas festas juninas para vocês!
Por Thiago Gonzaga.
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